Assim que a delegação argentina entrou neste domingo (5), na Neo Química Arena, para a partida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, um entra e sai de gente não ligada diretamente ao futebol tomou conta dos vestiários. O embaixador do país no Brasil, Daniel Scioli, estava presente e foi fundamental na diplomacia para que os quatro jogadores albicelestes não saíssem presos do estádio.
Scioli já estava na tribuna dos convidados da partida quando agentes da Anvisa chegaram ao estádio para impedir que Emiliano Martinez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero atuassem.
Os quatro jogam na Inglaterra e, por isso, teriam de cumprir uma quarentena de 14 dias no país, segundo as autoridades sanitárias. Por supostamente terem mentido no formulário de desembarque, poderiam ser deportados.
O embaixador, acompanhado de outro membro da embaixada, desceu as arquibancadas e foi até o vestiário intermediar a situação quando a partida foi interrompida, logo aos 6 minutos do primeiro tempo. De acordo com membros da AFA (Associação de Futebol Argentino), a Polícia Federal queria levar os quatro jogadores presos. Daí então a intervenção do vice-presidente do país, entre 2007 e 2015.
Scioli passou rapidamente pela reportagem, que estava na porta do vestiário argentino, e não falou quis comentar o caso. Pessoas próximas, no entanto, disseram que havia ficado acordado entre AFA, Conmebol e Anvisa que os jogadores não poderiam ser deportados. Além desses órgãos, representantes da CBF também estavam presentes nesta reunião que aconteceu no hotel em que a Argentina estava hospedada.
“Na manhã deste domingo, a Anvisa notificou a Polícia Federal, e até a hora do início do jogo envidou esforços, com apoio policial, para fazer cumprir a medida de quarentena imposta aos jogadores, sua segregação imediata e condução ao recinto aeroportuário. As tentativas foram frustradas, desde a saída da delegação do hotel, e mesmo em tempo considerável antes do início do jogo, quando a Anvisa teve sua atuação protelada já nas instalações da arena de Itaquera”, diz a nota publicada pela Anvisa.
Depois de mais de três horas e meia da confusão no campo, a Argentina conseguiu deixar o estádio em direção ao aeroporto — havia ainda a opção de jogar o restante da partida na segunda-feira. Todos os jogadores entraram no ônibus e os agentes de saúde acompanharam o embarque da delegação argentina de volta para Buenos Aires.
Em poucos minutos, a paralisação do jogo entre Brasil e Argentina virou manchete pelo mundo. Na Argentina, prevaleceu a indignação contra as autoridades brasileiras. No jornal Olé, foi utilizado o termo 'papelão mundial' e no Clarin, 'escândalo'